Gracejos do sol

Marquei o rumo num tempo

repleto de horas por galgar

Tranquilizei todas as tempestades

ponteadas na noite cansada

que se atreve a renascer

depois de repartir o vento

em suaves

cantos sulcando o leito

do tempo que se esvai

apressadamente disperso

em tons reverentes

onde por fim adormeço

ilícito

decalcando no velho granito os mesmos

delitos esquecidos neste epitáfio

que se apressa tão implícito

– Recomponho-me amanhã

esperando discreto

que os gracejos do sol

iluminem minhas persistentes

angustias

Revivo pra sempre

cada palmo de vida

num favo de poesia que

adocica teu jeito escrito

em estrofes aliviadas de medo

desferindo errantes todas as palavras

vivificadas no meu silêncio

cada sonho comovido

atormentado de exuberância

onde as armas

são minhas palavras

e as alegrias nossas inúmeras

searas florindo tão ordeiras…desarmadas

– Lado a lado por fim

seguimos caminhando

ao compasso dos gracejos do sol

tão solenes

tão místicos

abraçando todo o verde da terra

aprisionados em sonâmbulas estrofes

fartando-nos intimos neste aroma a poesia

que por fim o infinito tempo anestesia

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 16/06/2015
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