Fluindo em ti

Foi-se a vida repartida

em prantos flamejantes

tecidos em velados cantos pagãos

reescritos nos melhores

dicionários onde plantámos

nossa língua mãe

regulamentada em cachos de amor

servidos a cada instante

que te saboreias em mim

fluindo tanto rio em nós

– Depois de tantas primaveras

colhidas de contentamento

há um solitário vento desatino

que nos traga assim atractivo

ao sabor do tempo

que foge confundindo-nos

tacteando-nos, ingentes

retumbantes

comprometendo-nos…urgentes

– Restam-nos viver

cada instante faminto

da alma

recompensar a vida com

reveladas páginas de eternidade

Aproximar as horas nocturnas

em matinais auroras arrumadas

nos nossos soltos delírios

mergulhando os instintos selvagens

em silenciosos poentes

que impregnam nossos caminhos

lavrados em poemas que revivem

em cada um de nós tão complacentes

– Desabitei hoje

aquele tímido olhar

que te ofereci à distância

de um fugídio sonho

Entrei na tua gaiola

e libertei-me destas algemas

que cantam meus ecos mudos

Soltei brados de contentamento

quando me enamorei dos teus

inesgotáveis apelos de alegria

correndo alada em plena simetria

para junto dos teus braços

onde me escudo

desnudo, semeio

em euforias incalculáveis de permeio

– Ali depois irá

nascer cada obra de um génio

multiplicar-se o culto de mil actos

de fé

rendidos pela audácia rebelde

onde consagramos tantas

parábolas anciosas por um beijo

tantos dilemas dispersos em

palavras mercenárias que hoje

redijo

para gáudio desta verdade faminta

que planto sossegadamente

na eterna chama que a nós se ateia

consome, requinta e desnorteia

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 17/06/2015
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