Palavras no infinito

Reparti por mil

quaisquer beijos que

inflingiste neste ser imperfeito de mim

Engalfinhei-me em ti

navegando todo teu quotidiano

ao sabor dos ventos

saboreando-te meio avessa

inteira, toda táctil

impossibilitando-me qualquer fuga

- Urgente era simplesmente

gestualizar cada silêncio escondido

nas nossas memórias

Seria até imparcial rompendo

toda a ética descrita na ementa

das nossas solidões sem trajectória

E por fim

chega a noite

extinguindo a luz quase irrisória

onde nos degustamos esfaimados

quase rogatórios aos instintos

dizimados neste meu derradeiro ultimato

- Cuida-te meu anseio

reanima meu açaimado cântico

silenciado entre os vãos impacientes

da minha poesia mercenária

e tão breve como a essência perfumada

onde te bebo quase imperceptível

na histeria do tempo fugitivo

inútil e tão vagamente perdulário

- Bebendo na luz das estrelas

seguirei viagem

cruzando tua rota

sem mais encruzilhadas

circunscritas no véu dos amores

Serei o passageiro reanimado

orquestrando-te cada som comedido

nesta jornada poética

rugindo sem mais temores

ateando linhas rectas à geometria

onde promulgamos a lei da vida

em palavras inscritas no infinito

refrão desta poesia faminta

derradeira

- O Tempo que resta

dissolve-se escorado entre precipícios

que investem pelas entranhas

da Terra grata

exactora, prolífera

redesenhada em monumentos

de amor e indulgência

onde revoguei

tua súbtil presença, meu obstinado silêncio

a cada teu pranto engolido

na fome que me mata a todo o momento

comungado...explícito

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 08/07/2015
Reeditado em 08/07/2015
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