Encontra-me se puderes

Até ontem eu sei que me perdi

e se por ventura depois tu

me encontrares

deixa somente que a formosura do

dia me reconheça

no culto de tantas ilusões

e juntas recriem teus traços

de elegância mais delicada

e depois caminhem

calmamente redigidas em poesias

trajadas de passividade

Plácidamente te encontro

no constante céu onde adormeço

tuas tempestades cicatrizadas

num poema que se ateia a ti

tão pulsante

esquecidos nós pelas noites

incendiárias

prolongando-se minhas desculpas infindas

oriundas deste tempo algoz

que quase me mata de suplicas

tão embriagadas e incorrigíveis

Vai…encontra-me se puderes

impede-me de fugir para onde não quero

regurgita-me as palavras que outrora

nunca te disse

Afirma-te em mim

assim tão simplesmente

como se a adição dos nossos abraços

nunca mais se dividisse em prantos

que subtraímos no tempo

Rima tuas dores como aqueles perfumes

onde ardo em teus desejos

quase compulsivamente

E se chorares

chora baixinho para que meus

silêncios te ouçam

enlaçados às palavras

tontas e fiéis

que madrugam sôfregas

reflectindo nossos seres vagueando

neste tempo tão desbotado

onde fincamos a fé a fundo

como esperança ainda mais audaz

em subtis pontinhos de luz

deglutidos numa miragem

onde finalmente existimos

apaixonadamente festejamos

inesperadamente acontecemos

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 17/07/2015
Código do texto: T5314244
Classificação de conteúdo: seguro