Prelúdio em ti

Ando só pelas tuas ruas desertas

sustendo-me frágil

na mesma voz que me acalenta

de iguarias adocicadas de amor

quando

pernoitas lúcida encastrada

entre meus sonhos vagos

despindo o corpo ao luar pranteando

porque me deixas atordoado

pelo súbito devaneio

em correrias e desejos

todo eu me atropelo desconcertado

ao tom breve de um sorriso

que de ti até ao fim dos dias

ainda sei

quero e pelejo

– Recai pela tarde fora teu ar fresco

envergonhando tudo ao redor

até mesmo aquele sol escaldante

que amadurece o dorso de cada

raio belo pendendo do teu corpo

onde mergulho

a luz misericordiosa,

atónita, imprudentemente louca

inebriadamente apocalíptica

– Somente sinto aquela mesma força

que me sustém e eleva

em teus prelúdios

até aos etéreos céus

onde por fim descanso

farto

impregnado de sonhos circunstanciais

o mesmo chão onde atapetamos

o ululante canto de amor

transbordando em madeixas pelo suave

toque do teu sincopado coração

– Amanhã sairei pelo mundo

semeando tantos apelos

à razão

Viverei em cada resquício de tempo

todo o tempo do mundo

preparando-te Setembro

agasalhando a vida que sobra

em vestígios sortidos de alegria

dissimulada em cada silêncio

que chora jubilante num pandemónio

onde recrio

toda a sublimação da vida que renasce

na cumplicidade assídua

tão cordial

– A nossa felicidade

será saboreada por fim…até à euforia

quando coexistirmos mais essenciais

numa dialética embriagante

tão crucial

desparafusando de vez esta poesia

festiva engalanada de amor

dia-adia, em serenatas de afetos

deglutidos num trago de vida

quase celestial

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 29/07/2015
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