De que adianta não querer-te mais?

De que adianta não querer lembrar-te,

se as tintas da aquarela

desembestam os corrimões ao verde dos teus olhos.

De que me vale maldizer teu sangue às veias,

se o amor em desalinho

destempera as moringas do meu gosto.

De que me encanta não querer-te mais,

se o pôr do sol a te dourar a cada instante,

abobeia e cai os queixos.

De que gosto bebo a não ousar tocar-te,

se tento esquecer-te

mas pinto teu gosto nos rostos das telas.

E a cada regalo é tua cor que laço.

E cada lembrança é teu bolor que vejo.

A cada quarto de hora,

em cada luz,

a cada dia.