Gudilim
Não é o corpo que se dispõe a escrever
Esse há muito me tortura, fere o interior
O que me impulsiona, mesmo nesse calor escaldante
Debaixo desse teto baixíssimo e engasgando com a poeira
É o que eu tento colocar nas linhas
O amor que eu perdi, a saudade que me encontrou
A verdade que doeu, a velha mania de errar
A força pra me salvar, a fome de cantar
A altivez do reverso, a dor maldita do dia inteiro
O sono desistente, a carência
O desafeto, o desalento
O bom, o melhor do ruim
Sede na madrugada, frio de manhã na motocicleta
Até o alto, sem além
O além é aqui com Ele, a vida foi
A verdade sarou, meu erro continua
A bílis, a cólera perversa e traiçoeira
Bom dia amor, já é tarde
E não há o que tentar, aparentemente...
Mas quem duvida, arrisca, como qualquer outro perdedor.