Appassionata

E assim te proclamo

minha poesia rompendo

a madrugada errónea em nós

num vínculo de desejos travessos

quase ridículos

mas tentadoramente apaixonados

quando toda em ti até ao excesso

me sacio e arremesso

Assim conjugamos

todo o verbo amar

embutido na desordem

desta racional existência

impressa em tanta

transbordante benevolência

Assim alimentamos com

travessuras as infâncias

ingénuas

em continua solidão

transformando nossa fuga

num acto eterno de amor

onde nos inventamos cada dia

repentinos

curando todas as saudades

com insuportável gratidão

Assim acordamos cada manhã

infiltrando-nos no tempo que urge

e nos foge esquecido

alojado na eternidade

decalcada em cada carícia

nostálgica, tentadora

algemada ao quotidiano da vida

tragando-nos de forma

tão avassaladora

Foi paixão sem remédio

sem diagnóstico de sobrevivência

apaixonada e devastadora

entregámo-nos quase recompensados

rendidos à cortesia de mil palavras

espreitando cada delícia de amor

onde nos consumimos das sobras

de todas as pequenas saudades

Revela-me somente

teus cenários sem mais monotonias

Desvenda qualquer sorriso

que trazes grávida de esperança

alimentando nossas sincronias

Concretiza-me os desejos

que sonhámos

equilibrando de vez

nossos rumos

dúvidas e incertezas

escritas na bagunça deste

prefácio sereno

onde enfeito

cada pedacindo de vida

esbelta

caminhando na exactidão

do infinito afecto

até nos consurmarmos com

total delicadeza

predadoramente insurrectos

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 18/09/2015
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