Até podias ser tu...

Conhecíamos todas as distâncias

Inventámos outras existências

sussurrando felizes

nossas memórias galgando

as cercas do tempo

alimentando nossos silêncios

rendidos à ondulante imortalidade

da vida em plena convergência

Paramos cada momento

dominando nosso mundo

adormecido num pouquindo

de sonhos entrelaçando-nos

num gomo de vida rejuvenescida

trepidando ávida

num acto de grandeza lúcida

e tão agradecida

Abeiramos com fulgor

todos os veios dessa luz

onde focámos em poesia

mil parábolas heróicas

erguidas nesta plácida

e tão enaltecida história

de vida

Até podias ser tu

a suprir-me a alma com amor

resignando-me eu perante

a ablação dissonante

nas cordas deste coração

batendo inesgotável pela

revelação alada onde avançam

todas as manhãs transparentes

embelezadas pela luz que desabrocha

eloquente

E na essência deste destino arrojado

apresso-me hoje procriando

cada pulsar feroz do nosso

fluir confidencial

onde sossego por fim

toda a formosura

que simplesmente existe

ou toda a ocasional unanimidade

neste estado de capitulação

onde tu gentilmente me redimiste

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 22/09/2015
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