Liberdade em amar...

Eu, tão acostumado à liberdade,

lançado ao infalível efeito do amor,

e, ti, vou ganhando espaço,

enquanto, em mim, perco território.

Amando-te, vivo o instante transitório

entre a posse e a total desapropriação.

Concomitantemente, sou rico e mendigo,

pairo entre o louco e o sadio,

sinto, ao mesmo tempo, a segurança e o perigo,

estou completo, ainda que sozinho.

...

Eu, tão acostumo à liberdade,

lançado ao infalível efeito do amor,

sou livre e quero ser cativo...

faço-me preso e ainda assim posso voar.

...

Amando-te, descubro em mim

uma eterna e tão lógica contradição.