Sem objecções...

Olha como envelhecem as manhãs

dando à luz o novo dia de vida

Olha como sussurram os pingos

de chuva dançando na brevidade

de cada nuvem que por nós desagua

Olha como nossas tristezas

valorizam todas as agonias

que sepultamos na ressaca

do tempo regurgitado

em puríssimas horas de alegria

Olha e sente

todas as solidões se despedirem

todos os abraços se eternizarem

todos os silêncios desesperarem

pelo timbre das nossas vozes

perfumando o incenssário onde

vocalizamos todos os verbos do amor

Olha e sente

onde por ti

simplesmente adormeço

a calmaria das tuas lágrimas

abrindo no tempo

cada paisagem onde

nossos silêncios dialogam

flamejantes versos decifrados

em cada essência deste meu

insensato coração

Olha como a vida

nos deixa atordoados

à beira da (im)provável

loucura

destinando-nos acidentalmente

a esta curva do tempo

onde escondemos nossas

abissais solidões

abandonadas a cada contorno

do horizonte onde plagiamos

toda a vida e nos

amamos finalmente sem

mais objecções

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 16/10/2015
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