Lençóis de luar

Ser poeta

destro nas palavras

decifrando a coragem

corporeamente fogosa

falando em minhas memórias

imaturas

na rasura do tempo incrustado

no palco de todas as efemérides

despidas de desejos

pintados na raiz de cada velatura

Ser fúria

exposta em cada enrredo

onde se tatuam com dores

de parto todas as alvoradas

acesas numa noite enrolada

em lençóis de luar iluminando

todas as pegadas deste verso

imergindo na grafia eloquente

onde de enxurrada derramas

teus prantos

fertilizando a terra na foz

de todos os nossos encantos

Deixar no refugio do tempo

toda a avalanche de instintos

em lamentos

Exonerar nossas cumplicidades

diluindo em beijos

a chama febril que tateia

este ritual de acalentos

Provocar-te arrepios

descobrindo sedento

parindo cada vício deixado

no compartimento camuflado

desta poema proscrito

em desmantelamento

Deixar entre vãos da saudade

todo o silêncio deslumbrado

absorvendo o breu da noite

que parte sulcando os horizontes

do tempo onde se apaziguam

enamorados

nossos retratos arfando na

entrega de um apelo atado

a cada contorno do teu ser

onde sossego o fio da

existência empanturrando

nossas almas no derradeiro

e solene sorriso conivente

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 05/11/2015
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