Divina loucura
Sentí do paraíso cantar a harmonia
Por tua voz... que no infinito tremulava;
Boca inumerável onde bebo o dia
E a noite canta , estala e se acaba!
Este formoso seio é o pouso do delírio
E a ventura as covas dos lábios em chamas,
Beija-me ainda com teu frouxo idílio
Mata- me ao som destas noites ufanas.
Onde dorme a noite em teus braços deleitada
Sentí a chama do paraíso, era teu desejo,
A alegria da hora imensa, apaixonada,
Redomas da harmonia do teu beijo.
A boca persuasiva é quando emudece
Formosa mulher do débil talhe,
Quão doce canção acorda no peito
Noturno amor, e o rir do outro sol espalhe.
Ouso cantar o valor deste tesouro
Onde dorme a lua e o meu corpo desnudo
Tua alma morena no teu rosto de ouro
Mistério do espaço e sentido de tudo.
A noite soa esplendorosa musa
Divina louca, anjo de alabastro,
Amante do amor, do amor abusa,
Que eu roço o teu cabelo e o teu rastro.