Longe da vista...

Somente existe um vazio

quando deixamos de preencher

todo breve instante

que espreita

à coca dos nossos seres

apressando-se iminentes

rumo a cada enamorado

tempo atrevido

onde nos vinculamos vagabundeando

à mercê da vida tão apetecida

e reconfortante

Somente existe um poema

quando remexo todo meu

léxico expectante por

novas palavras exultantes

encorajando nossas melancolias

quase inquietantes

rimando em ardentes versos corteses

exuberantes

Longe da vista

somente aplaco todas as iras

do mundo

quando compreendo por fim

como explanar em oração

toda a fé que aperto de esperança

em minhas mãos

Longe da vista

revelo no tempo poético

toda a sentença de vida

que jaz em subtis

gomos de sedutora atracção

Longe da vista

nos mesmos rumores e provérbios

que sustentam o naipe de horas

adormecidas em mim

te deixo só o conforto

em cada minuto de paz

onde mergulhamos

pra sempre todas as conflagrações

deixadas no fóssil dos tempos

Longe da vista

concluo um pacto com minha poesia

bebendo em cada breve silêncio

as cogitações do tempo

contemplando com afabilidade

nossas felizes

e fulgurantes comemorações

sossegando na súbita hora

o amor rugindo em alucinações

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 06/11/2015
Reeditado em 06/11/2015
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