Carta a Vênus

Ama- me a carne em triunfo de sol

Sê infinito,sê deslumbre,sê memória,

Sê êxtase de entrega em convívio de gloria

Sê relva fresca entre ufania de arrebol.

Resgata o perdido ,tonifica os ares,

Cria canção e fogo e vida e movimento

Destila no espaço brandas flores

E enamoramento azul no suave peito.

Dá-te assim,sem restrições e vanglorias

Humilde, como a entrega dos mais puros,

Põe=me na boca o hino das historias

Põe-me na boca ledos frutos maduros.

E ama-me,sempre,tanto,com tal desvelo,

E tão alto zelo.que tudo sejam mundos,

Que cante e se de Bruce em humano anelo

A graça bela,enternecida dos segundos.

Para que eu possa amar eternamente

Para que eu possa crer inebriado

Para que o meu amor alegre as gentes

E o dia da criação não reste esperdiçado.

O amor domina as vagas domestica os ventos

Ensina mais fervores e bem melhor

Ensaia as aves e enternece os firmamentos

E plenifica os ares e perfuma a flor.

Pela vaga dos caminhos ,a sombra da sorte,

Tudo engloba a morte exceto o amor,

Amor que torna deus o vivente consorte

Fonte da verdade, da beleza e do calor.

Ama comigo! Em mim o amor é tão forte

Que é desespero e vitoria,e é destino,

Amor que da morte produz nova vida

E grava o sempre no momento peregrino.

Que estou lacerado,que ausências me ferem,

Devorem-me as águas ,naufraguem-me os rios,

Aqueçam –me chamas pungentes ,que os frios

E os tétricos desesperos me perseguem.

O destino único é o amor!pois me entrego

Dispõe de meus ouros,que são todos teus

Arremessa-me ao Arno, do meu triste pego

Que navego a pátria dos seres dos teus.

Algema-me Vênus,e jogues comigo

Teu jogo soberbo!Quer doces desvelos

Ou bruscas carreiras,ou Candido abrigo,

Azuis de alvoradas,tristes atropelos.

Já nada em miséria espero exceto a sorte

De ser vosso escravo!Dá-me estes amores

Se queres me entrego a beleza consorte

Que se comove ao mirar da face as cores.

Sim!Ouço teu mando, de ser suplicante,

Conheço teus mundos, desvelo teus ninhos!

Tu mandas nos seres por altos caminhos!

Guia a dita! Minha deusa triunfante!

Vênus, sê tirana,submete e move

Teu servo humílimo e contente

Que escravo teu vivo alegremente

Ao sol alentador da sorte breve.

Sem Amor é presa fácil da loucura

E misero o mortal,qual pluma ao vento,

Já sem sul nem norte,e nem contentamento,

Alheio ao ar,Preso no espaço, sem luz pura

O mundo regateia-lhe volúveis estações

A flor mais bela só lhe é incontentamento

È como o caos, não ouve harmônicos corações

Nem compreende a clara voz do pensamento.

Ao menor acento vosso,Vênus tens minha vida

Para que não a perca livre miseravelmente

Que sem ti a Terra é degredo e esquecimento

O tempo a oca sucessão de miseráveis mortes.