Musa Pressentida
Mulher com rosto de anjo e corpo de deusa
Não, eu não te declarei o súbito enleio,
Mesmo pressentindo a chama pura da beleza
Brilhando em ti em formas ledas e serenas.
Para descrever o teu soneto verdadeiro
Não confessei os ecos da cantiga
Nem te chamei de amante nem de amiga
Ou deslumbrei-te com arrojo inteiro.
Alou-se a voz e foste?Para onde, bela?
Para o silencio da transcendente paz?
Para a carne?Para o amor?Para a estrela?
Sinto dever amar-te ainda que apartada.
Porque entre tantas encantaste o pensamento
E me falaste muda e pura ao peito
Pois naufraguei em desejos e ternura
Sozinho a pressentir em ti a criatura.
Porem a sorte é boa co vivente
Escravizado a amor e a beleza
Noutra te encontrarei alegremente
Celebrador de minha cara certeza
Que sobre os lodos e o cancro vicioso
Como eu ,triunfaras do baixo mundo,
Cheio de penas pecadoras e degredo
Por dom melhor do destino amoroso.
Ora dói,da tua leda flor ausente
Vago relento afetuoso de poesia
E quisera mesmo em virtude ardente
Minha,que tudo fosse abraços e magia.