Destino Amoroso

Nada opor a força amante.

Ser seu servo, humilde devotar-se

Gratuito a tudo erguendo a fronte

E a todas, pois mesmo é o amor que se reparte

Indistinto, oferece a boca trescalante,o riso

A mão unida, a mesma terna proposta

De unção e de arrebatamento pela vida

Buscando a luz do relâmpago em transpasse.

O tentador e o anjo acenam a mulher

O homem sôfrego nela almeja acolhida

E a flor de sua graça profana e santa

Se rende ao sedutor de gestos amorosos.

Filhas do amor!Escravas da volúpia

Suntuosos palacetes da paixão

Portadoras de todas as respostas

Pomos de prazer e de conhecimento

Se possível farta-me no oceano da ventura

No Oasis carnal, na força soberba da paixão

Eu,que sou poeta rude e me quis imortal

Que sou homem amante,rude como os homens,

A quem tanto na existência é vedado

Mas que por ardente desejo e êxtase sagrado

A vossa sina morro fadado

E em vós respiro o supremo alento,

Nada de magnífico dos alados sonhos

Reserva-me a sorte.Exceto vossos seios enamorados,

Exceto o doce albergue de vossa boca confessante,

E o satânico vendaval de meus sentidos

Unidos ao humano anjo de minha sorte

Pecador me fazem.Que vosso amor me salve

O volupuoso feroz e sedicivo que sem pouso

Brinca com meus nervos e em meu corpo arde

Enredado em poções de encantamento e alarde,

Hino imenso de um talhe de beleza

O rude animal e o seráfico amante

Vos enreda,vos santifica,vos profana,

Nos abismos sensuais de amor vos leva

Que sou um monstro de amor

Um misero, pecaminoso anjo.

Não!Não me arrependo!

Sou a carne,sou a paixão,sou a loucura,

Sou a morte, que assim o quer meu feroz desejo!

E por graça redentora de minha sublime parte

Sou o amor,sou o perdão,sou a bondade,

Sou a compreensão:amai-me,pecadoras,

Sem mim também vossa miséria é degredo

Sem mim vós sois cadelas do abandono

Comigo, flores no cuidado de temerário dono

Suave por vezes ,mas súbito se torna terrível

E vos violenta,vos avilta e vos morde.