O Amor
O Amor saiu a caminhar
pelo mundo a cantar
sua canção fraternal.
À todo aquele que via
sua mão estendia
benignamente paternal.
Cada um para ele era seu irmão
guardado em seu coração.
A Soberba dele fugia
e a Simplicidade era sua amiga.
Com ela até hoje de gleba em gleba emigra,
e há muito com ela vivia.
O Sofrimento sempre o segue,
com a Caridade que o persegue.
Vem ela em auxílio ao coitado.
E o Amor abranda o coração endurecido
do algoz, tornando-o enternecido,
deixando o inclemente derribado.
O Ciúme jamais o alcança
e de tentar molestá-lo não se cansa.
Mas o Amor é mais nobre,
por isso a Soberba o teme
e de ódio em demasia treme,
ao vê-lo acalentar o pobre.
Com ele também vai a Esperança,
valiosa amiga nesta sua andança.
Toca cada um em seu coração,
tendo a Fé ao seu lado,
a quem nada é comparado,
e ambas vivem da Oração.
E o Amor chega ao fim de sua jornada,
deixando seus companheiros naquela estrada.
Leva consigo apenas os seus amados
à casa celestial onde ele reinará.
Despede-se dos companheiros, pois ali apenas ele entrará,
onde o esperam o Pai, o Filho e os seres alados.