AMOR ANTIGO.

São tormentos que eu vejo,

Em teus olhos ao passar,

De saudades e desejo

Daquele doce e terno beijo,

Que eu tinha para te dar.

São memórias que ficaram,

Eternas para nós dois,

Que nunca se apagaram,

Corações que se amaram,

A solidão veio depois.

Em ternas noites de luar,

Quando a paixão existia,

Iamos juntos a passear

Com a solidão á beira mar,

Eu, com amor um beijo pedia.

Ao som das ondas do mar,

Em noites de lua cheia,

O coração mais alto a falar,

Desejos de quem sabe amar,

Amando-se na fina areia.

Passaram cruéis os anos...

Que levaram o nosso amor,

De paixões e desenganos

Neste fado que cantamos,

Ficou apenas tristeza e dor.

Em teus olhos melancolia,

Que imploram compaixão,

Amar-te mais eu não podia

Foste embora naquele dia,

Fiquei só com a solidão.

Voltaste com as andorinhas,

Também de luto vestida,

Eras bela quando vinhas

Matar as saudades minhas,

No jardim junto á ermida.

deixaste para tráz tua beleza,

Nos braços doutra paixão,

Teu olhar hoje é de tristeza

A vida ensinou-te concerteza,

Quanto vale um coração.

Ainda há delicadas rosas,

No jardim junto á ermida,

Nossas mãos já rogosas

Apertaram-se saudosas,

da vida que não foi vivida.

Cheiras ainda ao perfume,

Que realçava tua beleza,

Razão de todo o ciúme

Que queimava como lume,

Nos deixava na incerteza.

Hoje voltaste para recordar,

O tempo que já passou,

Passaram as noites de luar

Quando nos iamos encontrar,

Junto á fonte que já secou.

Luvito.