Tua culpa

Anseio é um tempero, frágil, pueril, mero,

Contudo, nessa luta diária, jamais o venço;

E se a janela recusa a mostrar o que quero,

Aí então que o querer se faz mais intenso...

Como a noite realça muito, o valor da lua,

Ou, a injustiça potencializa a dor, a mágoa;

Assim, ausência aumenta a presença tua,

Como a sede acentuando, o valor da água...

E a sede torna mais dura, áspera a viagem,

Ainda rastejo nesse deserto sedento, mas,

Esse afã doentio enseja ver tanta miragem,

Digo, te fantasio noutras, onde não estás...

Essas inúteis águas sujas são tão marotas,

Que não sei qual sentido de beber assim;

Tua culpa, bela, não é não estar nas outras,

É estar desse modo, entranhada em mim...