Cravo, Rosa e Jasmim

- Por que choras cravo, se tens uma rosa pra cuidar?
Será que está todo prosa, o choro é de emoção,
ou é que lhe falta inspiração?...
Não cravo... Não fique assim!
Você, tão belo nesse jardim.
Converse então com o jasmim e fale da sua dor,
já que não confias num beija-flor!
 
- Então cravo, conta para mim, por que está tão triste.
Tens o ombro do Jasmim. Somos amigos até o fim!
 
- Meu amigo. Da rosa tive que partir, mas não foi por falta de amor.
Foi por ter um amor sem fim e não poder ter ela pra mim.
Ela bela, cheia de vida, tem muito que viver ainda.
Não posso dar a ela tudo aquilo que precisa.
Sou um cravo desfolhado que o vento açoitou.
A rosa desabrochou na hora errada, muito tarde ela chegou.
Amor pela rosa aqui não falta, mas tem coisas que só a vida explica.
Se eu não posso dar tudo à rosa, o melhor é partir.
Vou ser plantado em outro jardim, mas não quero outra flor.
Meu amor não é assim, ele pertence àquela rosa.
 
Mesmo tão longe e por vê-la toda prosa,
cheia de vida a linda rosa,
o cravo se entregou à saudade,
para a rosa, mais feliz em outro jardim,
poder viver, do jeito que ela sempre quis.
 
- Adeus, meu amigo jasmim, vou andar por aí
- Adeus, meu amigo cravo, que seja melhor assim.