Biópsia

Entender o todo, à partir de fragmentos,

um balde de água pra estudar o oceano;

podemos identificar essência, elementos,

mas, faltarão seus bichos, que são tantos,

suas reação à pressão dos fortes ventos,

enfim, não teremos a fábrica, pelo pano...

Há uma rosa vívida no galho da laranjeira,

cuja doçura se bebe apenas com o olhar;

não que natureza tenha descido a ladeira,

é apenas o braço vasto de minha roseira,

que descobriu apoio nessa cítrica esteira,

e plasmou pouco a pouco, o inusitado par...

Mas, beleza inefável da criação, que vemos,

Posto que imensa, é mero “Balde de Deus”;

Fragmentos Dele para estudos, que temos,

Aí percebo o quão presunçosos nós somos,

Quando uma palavrinha em Braille lemos,

E imaginamos ler, aos pensamentos Seus...

Os nossos melhores insights, não passam,

De flor enxerida apoiada em alheio galho;

aprendemos noções comuns que grassam,

como se fossem réguas que, salto, meçam,

cautérios da mediocridade que nos assam

cartas marcadas de velho e usado baralho...

Sei que acabo ferindo uns melindres, assim,

vai ofender-se, aquele que, presunçoso for;

mas, meu alvo não é acariciar orgulho, enfim,

tampouco, como dizem alhures, dar no rim,

mostrar meus poemas só um balde de mim,

para que ela veja partículas do meu amor...

Pode, que medre em vão, no meu arrabalde,

Essa ousada exposição do ser, que lha faço;

Digo, que eu esteja poetando à toa, debalde,

Que ela se conforme com algum outro molde,

Em suma: Tanto pode ela, chutar meu balde,

Quanto, pode, querer apoio, em meus braços...