DIVINA PENETRAÇÃO

Usurpei o trono dos deuses

expulsei os falsos puritanos

raptei a deusa celeste

fiz dela uma carne viva;

.

Na extensa cama da linha

do horizonte, deitamos

ocultei nossos corpos

no centro do meu corpo;

.

Fiz das nuvens nossos lençóis

numa aurora boreal te enchi de cores

também comi tuas luzes

os deuses, sonolentos e frios

viram tudo como um estupro;

.

Foi quando eu te rasguei

como um relâmpago

te impus medo como um trovão

devolvi a calma, sem pressa;

.

Estávamos copulando como anjos

seres de carne, corpos com almas

de todos os sacrifícios divinos

fomos os primeiros a beber o sangue

nós nos amávamos em cruzes,

em laços, em flâmulas e estandartes

nós éramos um sinal de amor perpétuo

um pacto indissolúvel no limiar

do crepúsculo mais belo

quando os deuses nos surpreenderam

em amor, translúcidos e nus

voltaram aos seus esconderijos

e passaram a fabricar anjos com sexo

eles jamais morreriam com fome.

...

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 11/01/2016
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