DIVINA PENETRAÇÃO
Usurpei o trono dos deuses
expulsei os falsos puritanos
raptei a deusa celeste
fiz dela uma carne viva;
.
Na extensa cama da linha
do horizonte, deitamos
ocultei nossos corpos
no centro do meu corpo;
.
Fiz das nuvens nossos lençóis
numa aurora boreal te enchi de cores
também comi tuas luzes
os deuses, sonolentos e frios
viram tudo como um estupro;
.
Foi quando eu te rasguei
como um relâmpago
te impus medo como um trovão
devolvi a calma, sem pressa;
.
Estávamos copulando como anjos
seres de carne, corpos com almas
de todos os sacrifícios divinos
fomos os primeiros a beber o sangue
nós nos amávamos em cruzes,
em laços, em flâmulas e estandartes
nós éramos um sinal de amor perpétuo
um pacto indissolúvel no limiar
do crepúsculo mais belo
quando os deuses nos surpreenderam
em amor, translúcidos e nus
voltaram aos seus esconderijos
e passaram a fabricar anjos com sexo
eles jamais morreriam com fome.
...
Pedro Matos