Tempo de afectos

Despeço-me dos afectos que

se enrolam no tempo

turvando o olhar que divaga

em ondas insufladas de esperança

chicoteadas com tanta fragilidade

Contento-me em atar

os meus destinos

ao final de uma eternidade

que nos acena no indigente

dia que morre quase felino

Aceito cada gomo de solidão

como quem destranca todas as portas

deixadas entreabertas no limiar

genuíno de cada beijo trajado no anonimato

de todos os ecos costurados em sofreguidão

Na elegia deste adeus

me afasto na escuridão

ou na meiguice do teu perfil

onde apréguo mais que os silêncios

a tua essência matreira

prenhe de emoções quotidianas

moldando-nos a todas as

homenagens validadas no tempo

que urge tácito

neste Outono perene e tão pálido

Vou deixar por instantes

que adormeças todos os meus céus

algemando a luz como troféu

pousar em todas as minhas luas

amadurecer todas as minhas ternuras

como a fé que se propaga marginal

entre a baínha de tempo

e as paisagens que afloram nos ventos

e rituais de eterna formosura

Vou ficar quieto

até sossegar a alma que se

gera em cada excêntrica hora

de aventura

Vou confiar na imaginação que

cruza cada inolvidável dimensão

do tempo

Alimentar-me de cada átomo

quântico que decifra meu

vocabulário dançarino

orbitando na magnitude de um

beijo matutino

onde em acordes de amor

deixo que todo este

cosmos longínquo me transforme

num poema afagado em clamor

derradeiro…infinito

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 18/01/2016
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