No velado Labirinto

Tanta poesia apaixonada acorda

De teus lábios na viração noturna

O escrinio constelado de tua urna

A harmonia dos idílios borda.

Atormenta-me a suave delicia

O pensamento esquivo das curvas

Deste corpo a floração de uvas

Ao ritmo do coração se associa.

Estar sozinho e ter visto a beleza

Convidando ao banquete, nestes olhos,

Oh pudor ,que no amor produz abrolhos,

Une o pranto ao oceano da pureza.

Estarei enganado em caras esperanças

Enquanto no teu corpo sensual medito

Pensas tu no pedaço de infinito

De meu olhar nas líricas andanças?

Será vã mais esta paixão singela

Que estalando de desejo e formosura

Subleva a alma dentre a clausura

De meu estado casto e ardente,oh bela?

Coragem para seduzir,expulsa a covardia!

Dá-me o quinhão na adorada messe

Quero beber do cálice em prece

Deste teu corpo ébrio de alegria!

A pompa plena de tua nádega macia

O sexo grande na calça feminina

Como no meu peito talham a estima

Capaz de arrebatar meu enamoramento!

Preludiando amor no meu deserto

A sós comigo, a alegria funde o pranto,

Rezo a cara Vênus de alado encanto

Ter audácia para expor o bem secreto

E beber neste teu seio de acalanto

O licor a redimir o universo

Fonte de beleza e amor no perverso

Mundo que por ti refloresce em canto,

Na jornada de nossos dias transitória

A delicia de teus gomos opulentos

Torna os anjos e os jograis sedentos

De tecer na aranha leda historia.

A emoção, alta esfera meritória

De teus beijos galga o firmamento

Que poderá minha doçura contra o vento

Das tuas propostas em altanada gloria?

Fulge em meu peito a harpa do memento

Revejo os passos vacilantes de minha historia

Conhecerei o louro ardente da vitoria

De teus gozos o arcenal de sentimento?

Duas breves vezes entrevista bela

Que fundis a eternidade no momento

Exaltando o coração ao pensamento

De amorosa e contudo solitária estrela.

Vozes do céu manadas do oceano

Desta alma enamorada tumultuaria

De Puccini hão esculpido a ária

Dolorosa e sensual de meu arcano.

Para rude exasperação de meu dano

E triunfo do ar e seus perfumes

Respiro novamente os velhos lumes

Que em mim produzem tão celeste engano.

Passo os dias na solidão;ardente e ufano

Do amor a renascer na corda da alma

Troco por tumulto apaixonado a calma

A paz do ermo pelo gosto soberano

De te amar em prelúdio enamorado

Que eu te cavalgue as soltas estribeiras

Que eu beije ardente as urnas faceiras

De tua forma em meu cinzel arrebatado.

Porque meus dias são velado labirinto

Fontes de mel e ardilosa chama

Céu de amor, inferno de quem ama,

E a grata entrega em teu olhar pressinto.

Tu me terás ateus pés,louco, arrebatado

Na gloria em flor de tua fragrante cintura

Fonte de mel cujo licor é luz pura

Vinho que excede em ciência o santo estado

De meu amor ,preludiado labirinto

Quando eu acordo das virações noturnas

Ante as visões sagradas de amorosas curvas

E o céu de amor na terra já pressinto.

Voar em teu corpo, gavião ousado

Morrer contigo em intimas entranhas

Respirar ao sopro de tuas manhas

Pelo teu seio amante alvoroçado

Trocar um estado por mais doce estado

Ser venturoso na saga de teus dias

E lançar-me contigo as santas boemias

Grato por ter eternamente já te amado.

Eis o novelo de minhas fulgidas fantasias

Viver contigo ao longo de milhões de poesias

E sepultar na alegria enflorescente os prantos

Que guardo embalsamado em puros cantos.