Culpado ou inocente

São ternas as noites

e longas as insónias

que fotografo na moldura

de um raio de sol adormecido

entre madrugadas tecidas

em vagas de solidão mareando

o tempo com candura

- Apetece-me só

permanecer entre teu regaço

imigrando nos alados beijos

que me deixaste em recato

- Este é só meu jeito

de dizer

como mergulho nessa luz

abraçando-te num soberbo

sorriso

que pousa na tua pele

incendiando nossa temperatura

libertando o dia que

fenece em silêncios e súplicas

de loucura

- Nem sei mais

se imploro por um sorriso

qual unguento feliz e travesso

ou

se em ti me converto

em homenagem arquitectada

entre margens de um rio

onde saciamos os silêncios

exterminando o sequioso tempo

em fuga felina…quase tão derradeiro

- São pequenos passos

convergindo na fragrância

da noite onde assumimos

a culpa ou inocência

onde

digitalizamos cada sonho

fotocopiado em excertos

coloridos de emoção e conivência

- São ecos do coração

batendo sorrateiros em taquicardia

prescrutando no monitor dos dias

o endereço das distâncias que

sossegam tantas arritmias desfibrilando de emoção

-São sombras vaidosas

que se vestiram nos destinos

da noite coreografada num poema

quase clandestino

não fossem tuas lágrimas

o oceano onde me embebedo

destas manhãs sem trajecto

nem instintos

apenas nós

habitando-nos famintos

arrastados no sopro febril do dia

equatorial e tão repentino

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 20/01/2016
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