Da noite...ao silêncio

És o sonho atiçado

onde me aqueço

num fogo aconchegante

abrasado

És o tempo que se esvai

qual carrasco pelos ventos

andante

num altar dos meus prantos

dilacerado

Desta noite que se espreguiça

errante

ainda sei como te suspiro

profano

sugando todas as lembranças

nos teus lábios apetecidos

toda me cobiçando

Vou desabotoar devagarinho

estes versos apaixonados

redescobrindo tuas margens

a mim se entrelaçando

algemando o suficiente

silêncio

que furto à noite inundada

com o assíduo perfume

dos teus vícios

E enquanto cai um chuvisco

solitário da manhã

tenho-te toda

ávida em fatias de desejos

quase beligerantes

indefesa

esbatida em calmarias no meu solestício

que agora sossegadamente sacio

Sei que às vezes

somos somente nós vivendo

neste hospício de tempo

serenos

sem artifícios

latindo latentes até à exaustão

fugindo esfaimados pelos exímios

versos vadiando nas brisas

dançantes

onde me refúgio nos meandros

de um silêncio quase estonteante

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 25/01/2016
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