O PRÓXIMO POEMA
O PRÓXIMO POEMA
Saio à cata de um verbo pra te falar de amor
Mas tem que ser um verbo novo
Inventado
Não quero verbo que já tenha sido usado
Não te amo à moda antiga,
por mais que goste de flores
Não te amo como se ama no presente,
onde se troca tudo que se sente
O futuro não alcança a dimensão do meu amor
porque a cibernética
é grão de areia ante a minha pulsação...
Não desenharei corações no vento
Não escreverei cartas perfumadas
Não direi frases certas nem erradas
Não acomodarei o meu amor por ti
no coração
o deixarei livre para percorrer
todas as células da minha emoção
E se o meu amor é de todo diferente
e não se enquadra em qualquer tempo , ou dimensão,
segue irreverente...
Como posso crer que vai curvar-se a um hiato?
Como posso crer que mata sentimentos
por tão fútil fato?
E que a montanha deslize
E que os trovões reclamem
E que o mar não mais abrigue o rio
Ainda assim restará um fio
do verbo que não consegui descobrir
ainda assim irei te amar
mesmo que não seja capaz
de um novo verbo inventar