O PRÓXIMO POEMA

O PRÓXIMO POEMA

Saio à cata de um verbo pra te falar de amor

Mas tem que ser um verbo novo

Inventado

Não quero verbo que já tenha sido usado

Não te amo à moda antiga,

por mais que goste de flores

Não te amo como se ama no presente,

onde se troca tudo que se sente

O futuro não alcança a dimensão do meu amor

porque a cibernética

é grão de areia ante a minha pulsação...

Não desenharei corações no vento

Não escreverei cartas perfumadas

Não direi frases certas nem erradas

Não acomodarei o meu amor por ti

no coração

o deixarei livre para percorrer

todas as células da minha emoção

E se o meu amor é de todo diferente

e não se enquadra em qualquer tempo , ou dimensão,

segue irreverente...

Como posso crer que vai curvar-se a um hiato?

Como posso crer que mata sentimentos

por tão fútil fato?

E que a montanha deslize

E que os trovões reclamem

E que o mar não mais abrigue o rio

Ainda assim restará um fio

do verbo que não consegui descobrir

ainda assim irei te amar

mesmo que não seja capaz

de um novo verbo inventar

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 31/01/2016
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