Nocturno
Soltam-se as noites
em ventos acometidos
no breu dos tempos
Diverte-se a solidão
dormitando em cada manhã
que fenece consumada
crepitando, astuciosa
pelas insónias apagando
todas as escuridões do dia
morrendo exumadas
Deixei de ler na biblioteca
de minha existência
cada instante onde tatuei
os versos nocturnos
promulgando a brevidade do tempo
que minh’alma consolará
despojando o nome que
soletro
e em cada despertar
olhasses
e me desejasses
toda tu até meu sono
velasses
Corremos ao sabor da noite
como a água madrugando
no leito fraterno dos teus beijos
Emancipamo-nos tranquilamente
entre as margens do tempo
deleitando-se tentadoramente
na frescura de um verso
aninhado ao vago e brando
olhar que te ofereço
quase marginalmente
O tempo deixou suas portas
escancaradas às palavras
quietamente semeadas na
planície infinita dos nossos
sonhos
onde cada minuto se faz
minha existência
e o rumor da eternidade
inexoravelmente o abraço
onde cochila nossa conivência
e cumplicidade
FC