Nocturno

Soltam-se as noites

em ventos acometidos

no breu dos tempos

Diverte-se a solidão

dormitando em cada manhã

que fenece consumada

crepitando, astuciosa

pelas insónias apagando

todas as escuridões do dia

morrendo exumadas

Deixei de ler na biblioteca

de minha existência

cada instante onde tatuei

os versos nocturnos

promulgando a brevidade do tempo

que minh’alma consolará

despojando o nome que

soletro

e em cada despertar

olhasses

e me desejasses

toda tu até meu sono

velasses

Corremos ao sabor da noite

como a água madrugando

no leito fraterno dos teus beijos

Emancipamo-nos tranquilamente

entre as margens do tempo

deleitando-se tentadoramente

na frescura de um verso

aninhado ao vago e brando

olhar que te ofereço

quase marginalmente

O tempo deixou suas portas

escancaradas às palavras

quietamente semeadas na

planície infinita dos nossos

sonhos

onde cada minuto se faz

minha existência

e o rumor da eternidade

inexoravelmente o abraço

onde cochila nossa conivência

e cumplicidade

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 05/02/2016
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