Sacro-profano
Sabe quem o anelo semelhante priva,
Quão ambíguo é o pulsar do coração;
Ora co’a alma que a cultua como diva,
Outra, o corpo que a deseja como pão...
Assim, sou normal embora soe estulto,
Ora pichar, outra tentar romper parede;
beleza dela é a divindade do meu culto,
sangue quente, refrigério à minha sede...
Aí então, são diversos os tratos à bola,
O predador devora, o cientista, poupa;
Esse qual sacerdote rebusca de estola,
Aquele não teme, até rasgar sua roupa...
Em suma, de alma e corpo, te quero,
Deusa, mulher, serei homem, servo;
E, cada anelo seu, entenderei, espero,
Os sinais da tua pele, atento observo...
Teu tesão alimento, meu amor canibal,
Coexistirão na selvagem ilha do prazer;
Há um quê de Divino no deleite animal,
Outro de profano, em divinizar o querer...