No fundo do fim...
Ilusionista dos sonhos
emerjo profundo na senda
de cada devaneio
escavando no meu ser
o clarão de felicidade que toda
a alma enxerga
quando desesperadamente
por ti tanto anseio
- No fundo no fundo
deixo o luto dos meus
silêncios apaziguar-me
em teus galanteios
onde mendigo um pequeno
farrapo de alegria quando
nocturno te pastoreio
- No fundo do fim
despojo neste tempo
um caudal de palavras
escritas em todas as horas
onde me esgueiro
acelerando toda esta excitação
trajada num verso que tateio
- Enlevo-te daqui
num ameno silêncio
algemado às miragens
desta vida onde habito
quase excêntrico
- No fundo do fim
ilumino os vitrais desta existência
dissimulando as sombras
recolhidas nesta transparência
espiritual
onde creio
me intruso em cada capítulo
colado à derme do tempo
que foge de permeio
- Deixei sossegar para ti
toda a noite sedada
convertendo a luz dos pirilampos
numa marcha de incandescências
desfraldando o espectro
descalço deste destino
em cânticos de vigília
inspirando os versos
onde por fim me aconchego
e te escrutino
- No fundo do fim
nos braços impetuosos de uma brisa
emolduro o relicário do tempo
onde incudo minhas dores
dormindo casualmente no regaço
do silêncio me consumindo inexoravelmente
FC