PRESO EM LACUNAS

Ainda preciso

da tua beleza

para orvalhar minha íris seca

e purificar os meus atos

desprovidos de censura.

Estou cheio das cores desbotadas,

vazio dos cristais límpidos

que refletem os teus beijos.

Ainda preciso

da tua pele madura,

terra coalhada de lírios

contrastando com meus ossos duros

como minério bruto.

Ainda preciso

do teu corpo moldado,

escultura exata

onde colhi astros luminosos

e oceanos de éter.

Fosse o meu amor primitivo

de ti eu não precisava.