Organoléptica

Foi difícil conviver com estas máximas

Quantas dores temperam estas lágrimas?

O que esperar no amanhã que não chega?

O que é o suor na camisa molhada?

O som do choro na voz embargada?

Que duras noites carrego nos meus olhos

Minhas roupas cansaram do mesmo caminho

Derrame sobre minhas feridas o teu óleo

Pobre rotina que virou teu esperado carinho

Depois que andaste um tempo comigo

Nunca mais quiseste ir embora

No teu sorriso aberto um abrigo

Consola as decepções que me namora

Coloque os paralelepípedos nas ruas

Pois meus sonhos não possuem freios

Realidade que cada um tem a sua

E todos sobrevivem por seus próprios meios

Teu cheiro, teu calor, tua textura,

Com passos miúdos chego longe

O contato intenso com tua ternura

Deixa-me não sei, não sei onde?

Henrique Rodrigues Soares – Canibais Urbanos