MOÇA DO VIOLONCELO OU CORVO

Sou a moça do violoncelo

que toca incessantemente

numa nostálgica hipnose

à sombra da árvore fria.

Há um corvo... quieto observa

no galho da árvore sombria

As arcadas do cordofone, aéreo

forjam um forte elo de dor

sentimentos etéreos.

Sou aquela que fere

com notas convulsivas... vibrantes

cristalinas, em depuração absoluta

entoando notas de Beethoven e Bach.

inquieto, o corvo escuta

por quê não sai do seu lugar?

Vem, participa da sinfonia inútil

Villa-Lobos e Guarnieri

esvoaçam e despedaçam

meu coração derramado

que pede em tuas asas abrigo.

Intrigante frieza

sinto bater seu coração perdido

não! é o som de asas

em alado pesadelo

pousa em meu colo

vôo solo. Olor da dor

toquemos a inspiração

divina?

serei seu castigo

Sina

serás minha mais densa ilusão

Prisão

Vem... ignoto pássaro!

saiamos juntos da escuridão!

Dedico ao Pássaro de minha solidão. A ti apenas, ninguém mais.