O SAMBA PARTIU

O samba esnobou de mim,

Não gostou do meu jeito,

Da maneira que vivo, assim.

Do jeito que vejo

A tristeza dessa gente.

Que vontade que tenho de ter

O samba no meu tamborim.

Mesmo assim vou levando a vida

Gostando do samba que vejo nessa gente.

Não tenho o samba no corpo,

O samba não gostou de mim.

Vou ficar na mesa do bar

Vendo a mulata sambar,

Passando por mim com seu requebrado

Deixando seu cheiro de jasmim.

Não tenho o samba no corpo

Mas tenho o samba na alma,

O samba que roubaram de mim.

Antes tudo era samba,

Na rua, na cama e na minha casa.

Um certo dia o samba sumiu,

Partiu da minha vida

Por uma porta entreaberta

E me deixou um vazio.

O samba não gostou de mim

Ele partiu e sumiu.

Hoje eu vejo a alegria dessa gente

E sentado na mesa do bar,

No fundo do quintal,

Vejo o samba a passar por mim.

O samba esnobou de mim,

O samba não gostou de mim

E me deixou, assim meio triste,

Sentado na mesa do bar

A olhar o samba passar

Esperando que um dia

Ela volte para mim

E o meu coração volte a sambar.