O que somos afinal?

Todos os dias, refletindo diante do espelho,
Perco-me em pensamentos
E, entre risinhos de satisfação e questionamentos,
Pergunto-me, o que somos afinal?
Seríamos dois poetas apaixonados,
Dois amantes loucos, alucinados,
Ou dois escravos prontos e obedientes,
À cairmos nas garras da luxúria e do prazer,
Proporcionadas pelas delícias desse amor carnal?
Desconfio do que somos,
Quando lembro dos momentos em que
te sinto me olhando dentro dos olhos
E, tão ternamente,
Vens tocando-me os cabelos,
E mirando meus olhos castanhos...
Depois, descendo em meus lábios,
Beijando-me docemente
Sinto-me arrepiar,
Ao recordar o calor de tua boca,
Que de tão tenra, doce e macia,
Com ela roças minha face com a barba
E, só depois, acaba por invadir minha boca...
Sôfrego, tu ainda sussurras em meus ouvidos,
Que sou tua dama e única musa,
E tomas-me em teus braços,
Jurando que me amas...
Ah, nessa hora,
Tenho toda a certeza do mundo,
De que não há pecado
No que sentimos,
Menos ainda no que fazemos...
Ah, meu amor,
Se somos o que há de mais real na fantasia,
Como podemos ser heresia?
Se expressamos em gestos e palavras
O extrato mais puro do amor,
Só podemos ser poesia...
Aliesh Santos
Enviado por Aliesh Santos em 22/06/2016
Reeditado em 23/06/2016
Código do texto: T5675629
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