Poeminha de amor

Uma espada antiga atravessou a noite

Com uma cantiga e um golpe mortal,

A lâmina fria tal qual um açoite

Do vento quebrado do antigo quintal.

Não era meu sonho que havia perdido,

Não era meu sono, nem drama, nem causa,

Apenas uma espada trazida do gelo

Que conserva a dor por dentro da casa.

Olhei para fora, janelas abertas,

E a dor incerta oprimia meu peito,

Triste espada fria que vem e que acerta

Lembranças perdidas de um amor desfeito.

Sangra-me os lábios, os olhos tão turvos,

Meus passos tímidos no clarão da lua...

Termino meus dias com cruel estorvo

Sem ter alegria, nos bares, nas ruas.

Se essa memória me trouxesse a amiga,

Se essa canção não fosse tão ingrata,

Não teria a noite essa imensa fadiga

Dos golpes fatais da espada que mata.

Não quero, amiga, tua mão de pena,

Nem quero teus ombros apoiando em mim,

Só quero que sinta neste meu poema

O amor que morre nessa dor sem fim.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 14/07/2016
Reeditado em 14/07/2016
Código do texto: T5698073
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