Cena íntima
Primeiro a emoção intensa, entusiasmo e desejo.
Pude ver cada nódoa, cada vinco, visco, cada espinho.
Cada folha seca servindo de abrigo, cada formiga e passarinho.
Senti na pele toda brisa fresca e leve como som de água.
Eu vi também aquele feixe de luz cortando os galhos finos,
Vi cada gesto, todo o sorriso, ouvi cada suspiro profundo.
Profundo e quieto. Vibrei a cada arrepio, cada beijo e sopro.
Ansiei como febre cada beijo úmido e o gosto salgado do suor.
Nós qual rosa perfeita e delicada, eu pétala, ele sépala.
Encaixe perfeito e natural. Cena de Assis. Pintura em tela.
Então algo aconteceu, naquele mesmo instante no mundo.
O céu se abriu, meu corpo ascendeu e já não era só paixão.
Porque o carinho estava nas mãos, pela barba o rosto riscado.
O abraço ficou quente e eu quis que fosse só meu pra sempre.
Eu quis dizer tanta coisa... Como ainda quero! Em êxtase disfarço.
Mas no meu corpo amor, tenho medo. Sigo entregue e calado.
07.08.16 – M.B