Aromas & Libidos

Qual a dimensão de uma palavra

que escorre pelos lábios?

Que eriça a pele, ferve o corpo e

sensualiza em adágios

Que está disposta em estrofes

dando forma a um universo

Onde se brota um labirinto nas

vias de um verso

Na penumbra das verdades minha

vitalidade mira um objeto

Tão sutil o apetite que tende a

moldar o lascivo afeto

Aquieta-te, dose os devaneios,

não embriaga-te em utopias

Afasta-te deste refúgio ou

descansará em fantasias

Julgam-me doidivanas aqueles

que desconhecem a loucura

E nada sabem dos frescores de

que estou a procura

E você, com os olhos

compenetrados no poema

Desejas a eureca incutida nas

frestas do tema?

Talvez encontre, e com raro

otimismo, talvez seja a única

E ao tomar ciência, que tal um

vinho e uma noite lúdica?

Desfruto da sabedoria de Epicuro,

deleito em gestos de ternura

O hedonismo clássico que cultivo

diariamente e com fartura

Hei você, caro leitor, já cobiçaste

o evo em um instante?

Aquele momento tristonho de um

fim claudicante?

Amor fati, amor por aquilo que

sou, pois outro não há

Tenho apenas o corpo que

apetece e a mente a filosofar

Moraes IV
Enviado por Moraes IV em 29/08/2016
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