Aromas & Libidos
Qual a dimensão de uma palavra
que escorre pelos lábios?
Que eriça a pele, ferve o corpo e
sensualiza em adágios
Que está disposta em estrofes
dando forma a um universo
Onde se brota um labirinto nas
vias de um verso
Na penumbra das verdades minha
vitalidade mira um objeto
Tão sutil o apetite que tende a
moldar o lascivo afeto
Aquieta-te, dose os devaneios,
não embriaga-te em utopias
Afasta-te deste refúgio ou
descansará em fantasias
Julgam-me doidivanas aqueles
que desconhecem a loucura
E nada sabem dos frescores de
que estou a procura
E você, com os olhos
compenetrados no poema
Desejas a eureca incutida nas
frestas do tema?
Talvez encontre, e com raro
otimismo, talvez seja a única
E ao tomar ciência, que tal um
vinho e uma noite lúdica?
Desfruto da sabedoria de Epicuro,
deleito em gestos de ternura
O hedonismo clássico que cultivo
diariamente e com fartura
Hei você, caro leitor, já cobiçaste
o evo em um instante?
Aquele momento tristonho de um
fim claudicante?
Amor fati, amor por aquilo que
sou, pois outro não há
Tenho apenas o corpo que
apetece e a mente a filosofar