O voo

No deserto de mim

Existe um pássaro

Ávido:

Bate as asas,

Empina o bico

Faz um cisco no chão

Do céu do meu verso.

Como reverso de tudo

Esse pássaro alça voo

No silêncio,

Varre para o tempo

A poeira mórbida

Enquanto desfaz o laço

Do deserto de mim

E vai para o além...

Esse pássaro de mim

Se vai sem despedida

Mesmo que a missão

Não tenha sido cumprida,

Mas foi comprida

Pelo tempo permitido

E eu todo tido a prisões

Não me dei conta

Que o pássaro, um dia,

Pudesse bater asas e voar.