Coxias

sobrevivo nas coxias

dos teatros antigos.

pontuam saudades

nas poltronas vazias.

no brilho dos sapatos

vejo as horas e as flores

do inverno.

sabes das minhas virtudes.

nos palcos, Virgínia Wolf,

Clarice Lispector e Simone

de Beauvoir, falam por nós.

o tempo não devora meus olhos...

meus personagens descem pelos

muros dos presídios e atrás dos

altares.

não deixo livros e filmes nas gavetas.

eles são mais úteis nos cantos da casa.

há encontros nas cenas abertas.

ouço a plateia no segundo ato.

Nas páginas dos meus romances,

mocinhos e bandidos não morrem.

há espelhos entre nós.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 12/10/2016
Reeditado em 16/10/2016
Código do texto: T5788915
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