Grisalhos como os cabelos de Adão

Bobagem seria eu não escrever mais

mas tentar esquecer a minha busca,

doce loucura, através do Paraíso.

Parar com isso, seria um suicídio a minha inspiração

um pecado rasgado, largado para o lado,

como um filho chorão.

Paisagem teria ao ver novamente o seu sorriso

paraíso esquentando o meu peito,

tantas vezes abandonado e sem jeito para o amor,

meio sem jeito, não consigo quebrar esse gelo,

degelo, insisto nessa amizade, nadando numa corrente sem fim.

Talvez esse seja o fim e não quero que seja

por favor entenda, a minha busca por um paraíso,

nem que isso me custe o meu título de cristão,

na minha mão, carrego a cruz e a espada

que me mata a cada luz do seu olhar.

Amargo o remédio para as minhas noites frias,

grisalhos como os cabelos de Adão,

quando parte sem direção do seu paraíso.

Torna-se homem, bicho e indeciso, assim corre,

através desse mundão novo, sem pecado e sem juízo,

Que juízo pode me trazer o prazer de conviver novamente o Paraíso?