Lívia

Lindo é o tempo, lívida cai em mim a chuva...

Indócil pensamento é amar um amor que me recusa!

Vais de mim se afastando, se despedindo no horizonte

Imaginando fico, talvez uma sorte incomum e distante

Ao te deixar partir, ao te deixar morrer nesse instante...

Amanhã, em teu leito solitário, repousarás bela...

Irrecuperável paixão que se soprou tal singela vela

Vais de mim se escondendo, se disfarçando como injúria

Indicando a mim uma falta de senso, uma indecisão

Lido em minhas mãos a sua resposta, a sua declaração...

Lívia, eis que a saudade é insone, de ti lembrará...

Impaciente coração o meu, que nervoso por ti está

Vai de ânsia sofrer, vai de afeto se arrepender

Insano e cada vez mais amante de seus dotes

Ao te permitir fugir, ao me escapar dos seus toques...

Agora escrevia a poesia mais embriagada, mais sincera

Incute-me a honrar o carinho, a luz do olhar dela

Vais de mim para longe, vais de mim para sempre

Inocuamente suspiro por ser o amor tão cruel, tão injusto

Lívia, agora nada mais era do que sombra, do que vulto...