Lascívia

Olhava o corpo dela como se desvestido de alma

Lhe devorava a carne desnudando-lhe as vestes

Com os olhos sedentos de luxúria

Não se detinha nos olhos dela

Vestidos de melancolia

Nem percebia-lhe a voz

Afinada na delicadeza

Não lhe notava as mãos

Suaves de gentilezas

Ela transbordava ternura

Transpirava amor

Exalava aroma de flor do campo

Após o orvalho da noite

Ele, saliva lascívia

A espreitava como um lobo

Sem nenhuma delicadeza

Lhe percorria cada palmo

Não lhe sondara os anseios

Não lhe olhara o rosto

Não lhe escutara as palavras

Que uma a uma, unidas

Feito notas musicais

Soavam doce musicalidade

Ele era dentes, presas, boca

Ela era poesia, romantismo

Ele era nada mais que falo

Sua viagem era pelas entranhas do corpo

Ela era sonho, amor

Viajava pelos prazeres mais profundos

Desfrutados no recôndito da alma

Ele podia penetrar-lhe o corpo

Mas jamais lhe alcançaria a alma

Ele seria sempre desejo raso

Ela... estratosférico...

Van Alves
Enviado por Van Alves em 13/11/2016
Código do texto: T5822621
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