Cantar a vida
Poderia ponderar
Sobre o que me faz correr
Se o receio de parar
Se o medo de não viver
Perder toda uma vida
Deixando-a passar ao lado
Destratando-a como tantos
Viver desapaixonado
Ignorar rios e mares
Esquecer estrelas e lua
Não olhar o sol de frente
Viver uma vida nua
Não ouvir cantos de aves
Não sentir o brilho dum olhar
Permitir esquecer-me do amor
Insensível a tanto amar
Ver a vida em tons cinzento
Não ligar à sua beleza
Não sentir o perfume da flor
Ou as cores da natureza
Recuso-me por isso a viver
Sem alegria, sem dor
Revelando-me enquanto puder
Como poeta ou prosador