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Às vezes eu só queria acordar na areia

E ver o mar pegando fogo

Pois como dizia um velho amigo

O vento é soprano

E o mar tenor

Quando se cruzam

São faíscas de amor

As ondas se quebram junto ao vento

Ambos em movimento

Ambos tocam nossas peles

E nos limpam de impurezas que nos perseguem

Que tendem a ficar em nossas almas

Amarradas em caldas

Que nos fervem

E então, não somos mais os mesmos

Mudamos os interesses

Perdemos o apego

O mar invade nossas almas

E nos transforma em pequenos seres

Perto da imensidão que ele exerce

Ele às vezes é calmaria

Às vezes agitação

Assim como o vento

Passando de estação em estação

E sabe?

Somos como o vento e o mar

Nos chocamos em faíscas

Às vezes agitação

Às vezes calmaria

E quando vemos o sol se por

O mar vira obra

E o vento lhe trás vigor

E então seus olhos se fecham entre a luz

O vento toca-lhe o rosto

E você sente o gosto

Da maresia

Um gosto de vida

Igual o que sentia

Quando beijava teus lábios

Matheus Augusto Buarque
Enviado por Matheus Augusto Buarque em 30/11/2016
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T5839034
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