Fiz amor com a poesia
Ela veio caminhando devagar. Eu estava com saudades dela;
Ela nem esperou eu terminar de falar e já me levou para o quarto dela.
Fizemos amor.
Senti sua falta, pois só ela me vem assim,
calando o grito em mim e recolhendo os cacos que ancoram a minha dor.
Cessamos a dor...
Pelo menos por enquanto.
Ela pede o que eu não consigo dar,
O temor que há em mim às vezes não me permite continuar,
Então eu vou me doando apenas o que vou conseguindo.
Ela tira a minha roupa, arranca minha pele e trava o palpitar no meu peito,
Me diz que devo continuar e nunca esperar sentado pelos sonhos que eu anseio.
Ela é o que há em mim e ela me faz abrir as comportas da alma.
Afogo-me nela em meu próprio naufrágio e descubro que há mais que amor em suas águas.
Ela me faz arder;
Sacrificar-me, morrer!
Renascer...
Ela tem sabor, cheiro e nome.
Nem sempre quando eu grito ela me responde,
Mas parece amar o sofrimento meu.
Ela me cala, me alanceia e me esconde,
Me espalha, me reapresenta o horizonte.
Ela é tudo o que eu tenho e não me larga, mas some.
Não há nome mais lindo
Não há versos sem ela.
Por ela eu escrevo sorrindo
o choro que por vezes me desmantela.
Eu não estou falando de nenhuma mulher,
Mesmo que o nome dela seja doce como uma.
Ela está em todo lugar até em meu café,
Na chuva, nas nuvens, na pedra e na bruma.
Seu nome é nostalgia,
É dor e alegria.
O nome mais doce!
O seu nome é poesia.