Fiz amor com a poesia

Ela veio caminhando devagar. Eu estava com saudades dela;

Ela nem esperou eu terminar de falar e já me levou para o quarto dela.

Fizemos amor.

Senti sua falta, pois só ela me vem assim,

calando o grito em mim e recolhendo os cacos que ancoram a minha dor.

Cessamos a dor...

Pelo menos por enquanto.

Ela pede o que eu não consigo dar,

O temor que há em mim às vezes não me permite continuar,

Então eu vou me doando apenas o que vou conseguindo.

Ela tira a minha roupa, arranca minha pele e trava o palpitar no meu peito,

Me diz que devo continuar e nunca esperar sentado pelos sonhos que eu anseio.

Ela é o que há em mim e ela me faz abrir as comportas da alma.

Afogo-me nela em meu próprio naufrágio e descubro que há mais que amor em suas águas.

Ela me faz arder;

Sacrificar-me, morrer!

Renascer...

Ela tem sabor, cheiro e nome.

Nem sempre quando eu grito ela me responde,

Mas parece amar o sofrimento meu.

Ela me cala, me alanceia e me esconde,

Me espalha, me reapresenta o horizonte.

Ela é tudo o que eu tenho e não me larga, mas some.

Não há nome mais lindo

Não há versos sem ela.

Por ela eu escrevo sorrindo

o choro que por vezes me desmantela.

Eu não estou falando de nenhuma mulher,

Mesmo que o nome dela seja doce como uma.

Ela está em todo lugar até em meu café,

Na chuva, nas nuvens, na pedra e na bruma.

Seu nome é nostalgia,

É dor e alegria.

O nome mais doce!

O seu nome é poesia.

Igor Improta
Enviado por Igor Improta em 05/12/2016
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