Abra a porta mamãe

Abra a porta!

Por favor!!

Deixe-me entrar!!!

Mas a porta não abria...

Lá de dentro

Apenas o silêncio

Aos de fora respondia,

Abra a porta!

Continuei a chamar;

Aqui fora a noite é fria!

Tão fria quanto os lamentos

Do vento a soluçar

Açoites de ventania.

Abra a porta!

Sou eu!!

Tenho fome!!!

Tenho sede!!

Tenho frio!

As águas que um dia

Ao sabor das correntezas

Pelas veredas do rio

Para longe me levaram

São as mesmas que agora

Gargalhando espumas

Trazem de volta

O corpo moribundo

De quem muito sofreu,

De quem tudo perdeu.

Mas a porta não se abriu...

Nem se abrirá jamais.

Minha mãe era assim;

Uma porta

Sempre aberta

Que nunca se fechava

Para mim.