Presa
Sala de espera, diz a placa.
Entrei angustiada.
São oito horas da manhã,
Nunca soube esperar por nada.
Nove da manhã,
Sentei acanhada.
Dez da manhã,
Dor de estomago.
Onze da manhã,
Gastrite extrapolada.
Meio dia,
Bebi um copo d’água.
Uma hora da tarde,
Minha sede era de alma.
Duas da tarde,
Ansiedade grita.
Três da tarde,
A unha é roída.
Quatro da tarde,
Pulsação acelera.
Cinco da tarde,
O ar me falta.
Seis de tarde,
Pressão baixa.
Sete horas da noite.
Escuridão invade a sala.
Oito da noite,
Não enxergo mais nada.
Nove da noite,
- Posso te ajudar?
Dez da noite,
Não, só preciso aguardar.
Onze da noite,
Sentidos afetados.
Meia noite,
Olhos fechados.
Uma da manhã,
Consciência acordada.
Duas da manhã,
Realidade deturpada.
Três da manhã,
Cérebro não dorme.
Quatro da manhã,
A mente consome.
Cinco da manhã,
A alma morre.
Seis horas da manhã.
Arrasto-me ao banheiro.
Sete da manhã,
Olho no espelho.
Oito da manhã,
Sala de espera, diz a placa,
Eu não me vejo.
Desde que você se foi
Meu corpo virou a cela,
De uma alma aprisionada.
Engraçado,
Eu nunca soube esperar por nada.
Mas por você,
Estampei na testa
Uma placa com os dizeres:
Sala de espera.