Pássaro

Com que ânimo me deleitarei,

agora, moribundo, que das cinzas me transfigurei

e me sufocam as palavras que a ti não entreguei?

Tu, que me rompestes as represas,

conhecestes as minhas fraquezas,

por que tinhas também de judiar das minhas certezas?

Se era somente um bem sem fim,

era mormente puro qual querubim

o tesouro cujo esplendor

a tua visão distraída não alcançou...

Meu amor tão pungente de vinte anos,

para sempre uma fortuna intangível.

São corrosivos seus desejos insanos,

um tiro certeiro, uma espada infalível.

Rangel Sá Lima
Enviado por Rangel Sá Lima em 08/01/2017
Reeditado em 01/05/2017
Código do texto: T5875834
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.